08 junho 2011

Sentimentos ambivalentes - Um direito da gestante

Recebi esse texto de uma amiga e achei bem interessante.
Vale a pena reservar uns minutinhos pra ler.

"Um turbilhão de sentimentos desconhecidos começa a inundar a mulher a partir do momento em que desconfia que o atraso da menstruação pode ser gravidez.

Não importa se está na adolescência e a gravidez foi um acidente; se é o quarto filho de uma mulher de 40 anos; uma criança querida mas não-planejada da mulher de 26 ou o bebê muitíssimo planejado, que exigiu tratamento para chegar ali, na barriga da mãe de 38 anos. Todas as mulheres têm a oportunidade de conhecer na gravidez a força dos sentimentos ambivalentes.

O que poucas sabem é que a ambivalência dos sentimentos durante a gravidez, além de previsível e natural, é uma das ferramentas fundamentais para uma boa síntese do período gestacional, que significa um trabalho de parto contínuo com o clímax no nascimento do bebê.

A gestante que consegue encarar de frente a ambivalência dos seus sentimentos também terá maior facilidade para entregar-se às compensações, reparações. E encarar a ambivalência é dar escuta não somente aos bons sentimentos mas aos maus, aos medos ou àquela súbita e inexplicável vontade de chorar.

Nada mais ambivalente do que a atitude de parir em um momento e no minuto seguinte estar com o bebê ao seio, e nada mais simples, fisiológico e intuitivo do que a conexão entre essas duas ações. O corpo da mulher que pariu necessita aconchegar o bebê para reintegrar-se; e esse movimento é praticamente involuntário, não-cultural, amoral, natural.

A mulher que não consegue entrar em contato com seus "maus" sentimentos durante a gravidez pode estar se preparando para não conseguir expulsar o bebê no momento certo e também não acalentá-lo depois que nascer, o que significa não entrar em contato profundo com os "bons" sentimentos. Maus sentimentos podem ser somatizados em pesadelos, podem ser fantasias ruins e temores em geral, estão ligados ao "não", à imposição de limites ao que vem de fora e a um certo poder na hora de dar à luz, quando a mulher necessita separar-se do filho pela primeira vez depois de tanto tempo.
 
O estado de graça vem depois do parto

O comum no entanto é a existência de uma carga enorme de preconceito em relação a mãe que rejeita o embrião e sente-se pouco à vontade como gestante por temer, na maioria das vezes, não dar conta do recado, não estar à altura do mito da maternidade.

É claro que a ambivalência dos sentimentos passa por vários estágios durante a gravidez e isso pode e deve ser flexível. Passar nove meses em estado de graça achando que o mundo ficou cor-de-rosa porque está grávida pode ser tão contraproducente para a mulher durante o parto e no pós-parto, quanto teimar em negar uma gravidez até o 8º mês. Rejeitar um bebê prestes a nascer é bloquear sentimentos de ternura, necessários entre outras coisas pela liberação da ocitocina e da prolactina, hormônios que vão facilitar a descida e o aporte de leite.

Algumas mulheres só se identificam com o papel de benfeitoras, as boazinhas; outras sentem-se melhor no de duronas. Mas ser boazinha ou malvada é coisa de novela. Na vida real somos um pouco de tudo e na gravidez, especialmente, experimenta-se muito do muito bom e do muito mau. De qualquer maneira o estado de graça profundo só nasce junto com o bebê.
 
Fundamental é aumentar a percepção interna

É comum, por exemplo, que em gestações muito planejadas e batalhadas, a mulher bloqueie seus sentimentos negativos e chegue ao parto vinda de um mundo mágico, sem transtornos de qualquer espécie. Para essa mulher os cuidados com o bebê vão ter uma proporção infinitamente maior do que para aquela que temia não conseguir dar conta das tarefas. Lidar com a ambivalência é acima de tudo aceitar medos, fantasiar, entregar-se para o desconhecido e entrar em contato consigo mesma para conseguir sentir o bebê, de dentro para fora. O medo, às vezes, é melhor conselheiro do que a crença em soluções externas.

Socialmente se exige que a grávida esteja sempre disposta, bem-vestida, vaidosa, mulher sensual. Esquecemos que a gravidez, embora não deva ser tratada como doença, porque não o é de fato, é um período singular, delicado sob todos os pontos de vista; que merece uma atenção e um entendimento também especiais.

A mulher grávida pode e deve dar-se o direito de mudar e essas mudanças eventualmente passam por fatores externos como corte de cabelo, estilo de roupa, mas isso não é importante. O fundamental é que ela aumente sua percepção interna e aja a partir daí, exigindo direitos diferentes por estar em situação desigual.

Vai precisar muito do desenvolvimento dessa acuidade para chegar madura emocionalmente ao parto e preparada para os cuidados com o recém-nascido e para isso tem nove meses, tempo que a natureza deu às mulheres para juntar o bem e o mal da maneira mais harmônica possível.

A autora:
Cláudia Rodrigues é jornalista e vive em Florianópolis, SC, com marido e três filhos
E-mail- claudiar@th.com.br

7 comentários:

francieleGalantine disse...

Amiga lindo o texto adorei...beijocas

Bruna Almeida Rolemberg disse...

Amei o texto.
Beijos

Bealtifull Day. disse...

eu li, super legal amiga!
beijinhos

Alê disse...

Mãezinhas lindas,
Peço por favor que deixem o email de vcs pelo qual vcs seguem meu blog, pois eu vou privatizar os leitores. Vi que meu diário online da gestação atingiu pessoas que eu nem imaginava e eu não quero expor minha gravidez para algumas pessoas inconvenientes e que deturpam as coisas, mas quero e desejo muito continuar compartilhando com vcs. O intuito maior do meu blog é que a Ana Luísa leia como foi a sua espera. Aconteceu uma coisa bastante chata e me vi na obrigaçao de fazer isso! E mais chato ainda é saber que convidar via email é o único jeito de deixar ler somente quem eu eu quiser.
Se alguém souber outra maneira de eu permitir isso sem ser atráves do email de vcs, me explique por favor.
Só não quero perder o contato com vcs que já são minhas queridonas e me ajudam demais.
Conto com a juda de vcs!
Beijocas. Ale.
(Se vc já deixou seu email lá no meu blog, desconsidere esta msg)

Milamerlini disse...

Amei o texto.. bjussss

Funny Paper disse...

Eu tive muitos sentimentos ambivalentes na minha gravidez e, na época, me sentia muito culpada por isso... mas, a maternidade se faz no dia-a-dia com seu filho... quando a minha filha nasceu, todos os sentimentos ambivalentes passaram dando lugar a muita felicidade!

Bjs

Sil

Thamires Campos disse...

Amiga, passando para te desejar um ótimo fim de semana!
beijinhos em você e Bia!